AA04.05 |
|
Antigamente as mulheres eram infelizes porque lhes
faltavam o amor-próprio |
|
Narrativa: ·
Antigamente as pessoas amavam mais aos outros que a si
mesmo e, por isto, eram infelizes. ·
Ou: antigamente as mulheres não eram felizes porque lhes
faltavam o amor-próprio. Há duas falácias utilizadas para nos
convencer que, para alcançarmos a felicidade, devemos nos amar em primeiro
lugar: 1- para ser feliz, necessariamente precisamos do amor-próprio e 2-
antigamente as mulheres amavam seus maridos mais que a si mesmas e, por isto,
eram tristes e oprimidas. Sou dos antigos, conversava muito com meus
avós e certamente discordo. Há erros crassos nessas crenças. ·
Para ser feliz, necessariamente precisamos do
amor-próprio. Já desmascaramos esta
narrativa aqui. ·
Antigamente as mulheres amavam seus maridos mais que a si
mesmas e, por isto, eram tristes e oprimidas. Reflexões a seguir. O amor dos antigos não era aplicado
diretamente no cônjuge, como era praxe até a segunda Grande Guerra. Confira o conceito de terceira
entidade – 3E. Não há só o eu e os outros para amar. Os
membros de povos antigos nem sempre valorizavam exatamente o cônjuge, mas a
família da qual participavam ativamente dedicando sua vida, seu amor, seu
tempo e seus recursos. Como as mães que se aplicam aos seus filhos, como
militantes que se dedicam à sua causa, como torcedores que participam
ativamente das atividades de seus clubes, como as senhoras que dão plantão
nas igrejas, como os membros que valorizavam seus reis ou líderes
espirituais. Isto não traz opressão e infelicidade, pelo contrário, facilita
a sensação de utilidade e sucesso. Sabe quando um time de futebol ganha o
campeonato nacional? Há felicidade aí, independente das condições sociais dos
torcedores! Militantes que gastam o que têm e se
sacrificam pela causa que defendem, por exemplo, não estão amando nem a si,
nem a alguém, mas à terceira entidade. Isto pode dar a sensação de
autorrealização, de felicidade, de paz, mesmo que nem haja amor-próprio. O amor não é polarizado e nem auto excludente
Outra falha na máxima em questão é a crença
que, se amamos definitivamente os outros, não nos
amamos, não temos amor-próprio e consequentemente somos infelizes. Ledo
engano, certamente uma falácia. Amor também se desloca, troca de dosagem,
flui às vezes em poucos segundos. Podemos nos dedicar mais aos nossos
cônjuges numa fase da vida, mais ao trabalho em outra, mais em nós mesmos por
alguns períodos, aos filhos, a certa viagem, a cuidar dos próprios pais, não
faltam opções. E em todas elas, podemos estar felizes ou não, a felicidade,
como já comentei várias vezes, não depende da dosagem de amor-próprio. Amor e autorrealização à antiga No que diz respeito aos nossos antepassados
até a metade do século XX, eu comentaria: antigamente os desejos, os sonhos,
as ambições eram bem mais fáceis de se alcançar porque eram mais simples,
logo, os antigos bem mais facilmente encontravam a felicidade e a
autorrealização. Se o nosso desejo fosse apenas casar e ter filhos, muito
mais facilmente nos realizaríamos. Hoje as pessoas desejam tudo. TUDO mesmo.
Acreditam que merecem tudo de bom. Sonhos irrealizáveis certamente afetam
negativamente a sensação de felicidade, haja amor-próprio ou não. Sabemos que há interesse em que o povo seja
egoísta e narcísico. A crença em epígrafe fortalece essa direção. Não consigo
encontrar outro interesse nessa falsa crença que o do Sistema. E ainda
facilita o emburrecimento e o adoecimento psicológico. A afirmação inicial, como todas as crenças de
autovalorização, segue a máxima goebbeliana:
mentiras faladas reiteradamente se tornam verdades e até são defendidas
fervorosamente pela população. Ou você ainda acredita que o egocentrismo é
necessário para a felicidade? Por fim Cabe ressaltar que não há problema algum caso alguns de
nós precisemos de amor-próprio para nos sentirmos feliz. Afinal, esta crença
vem sendo divulgada há décadas e nossas crenças, estas sim, têm capacidade de
promover ou evitar a felicidade. O problema é que, da forma como a questão
tem sido levada, o egoísmo e a divisão social vêm sendo facilitada pela
máxima, como é do interesse do colonizador. |
|
|
|
|