Terceira entidade |
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Penso que o
conceito de Terceira Entidade seja fundamental para compreender as culturas
antigas, certos comportamentos humanos, os diversos tipos de amor, o nosso
processo de maturação e, ainda, outras questões da natureza humana. Terceira
Entidade Quando duas ou mais
pessoas se reúnem com determinada utilidade, finalidade, ou característica,
pode haver uma entidade entre elas. Duas pessoas podem
formar uma família, dois ou mais sócios constituem firma, quatro ou mais
membros se agrupam numa quadrilha, pessoas da mesma etnia se tornam um povo,
torcedores da mesma equipe fazem a torcida e assim por diante: duas ou mais
pessoas com o mesmo interesse, objetivo, identidade ou qualquer coisa em
comum, podem constituir e se relacionarem com e como uma terceira entidade. A
família como terceira entidade No casamento, por
exemplo. Qual o motivo de pessoas se submeterem a este evento? Há quem
entenda que entrou nele para ser feliz e romperá os laços se o saldo entre as
vantagens e os esforços pessoais for negativo. Certamente a pessoa se
esforçará
em manter-se casado, fará seus sacrifícios para manter a relação, ninguém casa para ser infeliz, mas o saldo entre o que recebe e o
que dá, na sua própria avaliação, é determinante na manutenção do enlace. Outras pessoas
pensam bem diferente, entendem que há três entidades: o marido, a mulher e a
família, cabendo aos dois primeiros a manutenção do terceiro. Na prática,
entendem o casamento como uma missão, um objetivo e uma entidade. O
importante para esses cônjuges é o casamento em si, ao qual devem se dedicar,
materializado em filhos, moradia, sobrevivência, lazer e muitas outras áreas
e atividades sociais. A felicidade e a paz de cada cônjuge estariam
relacionadas ao sucesso do casamento, à união que perdurasse até a morte de
um deles, à criação dos filhos, à sobrevivência da família, à satisfação de
ter alguém por cônjuge, estas coisas. E todo sacrifício pessoal é admitido em
prol do sucesso dessa entidade. Sabemos que todos
nós tendemos a nos esforçar em empreitadas e que isto requer nosso amor e
sacrifício, uns mais, outros bem menos. E nestas sendas esbarramos com as
nossas Terceiras
Entidades. Ainda não temos um
consenso à cerca do motivo. Há quem acredite ser natural ou genético, outros
preferem responsabilizar a sua Cultura de origem, alguns afirmam ser em
acordo com os desígnios divinos e há quem divise interseção midiática sob a
influência de interesses econômicos e políticos. Ou a combinação de alguns
destes fatores. De fato, pessoas podem se dedicar mais à família, à
sociedade, aos filhos, à Deus, à alguma ideologia, ao trabalho, enfim, a
alguma ou algumas terceiras entidades que a si mesmo, ao seu prazer ou à sua
felicidade. Todas as suas
crenças, comportamentos, percepções e objetivos de vida são dependentes dessa
relação. Terceiras
Entidades Há quem frequente a
igreja para encontrar sua religiosidade, há quem se sinta parte dela. Há quem
trabalhe para ter seu rendimento e quem veste a camisa da empresa. Há quem
torce por um clube de esporte e quem é do time e o financia. Há quem nasceu
no Brasil e, por isto, é brasileiro, e há os brasileiros patriotas. Ter sonhos e
desejos é natural a todos, assim como ter a expectativa de alcançá-los. Mas
nem todos se sentem parte desses projetos e desejos, o fazem pelo
próprio ego. Quais
os interesses? Certamente não são
os interesses pessoais de cada um de nós que foram levados em consideração
para definir essas diretrizes. As culturas antigas priorizavam bem mais a
valorização da Terceira Entidade enquanto a atual, da própria felicidade e
sua autorrealização. Quais são e porque esses interesses? Qual o
melhor para o ser humano? A realização de
grandes sonhos e projetos promove grande satisfação e muito prazer, mas
costuma exigir estratégia, vínculos, tempo, vida, sacrifícios e riscos. É
melhor viver priorizando o próprio prazer e se protegendo de sofrimentos, ou
é melhor correr riscos e regularmente se sacrificar visando a realização de
projetos e sonhos? O que é
mais importante: ser feliz ou buscar a realização de sonhos e crenças? Por que alguns de
nós priorizamos o próprio prazer e felicidade, enquanto outros se sacrificam
em prol de projetos e sonhos que não podemos garantir que nos darão retorno? Até que nível os
nossos sacrifícios são válidos para manter um casamento, um bom emprego que
nos retorna bons valores, relações sociais que exigem algum retorno ou
sacrifício? Como se formam nossos desejos? Batismos
e iniciações Nas culturas
tradicionais não faltam rituais em que um jovem ou aprendiz passa por provas,
sempre visando iniciá-lo em alguma função ou atividade social. Os diversos
batismos religiosos, os rituais de conversão do jovem índio em homem que pode
assumir matrimônio, rituais iniciáticos nas mais diversas escolas e culturas.
Em Mateus 18,20 está: pois
onde dois ou três estiverem reunidos em Meu Nome,
ali estou no meio deles. Os batismos e
algumas iniciações teriam a função de converter a pessoa em alguma função
social ou religiosa, tornando-o compromissado com algo maior e mais
importante para a sociedade. Durante a colação
de grau da graduação há dois eventos que merecem destaque: 1) o juramento,
que é o compromisso da turma e 2) o reitor ou seu representante impõe a mão
sobre todos. Estes dois marcos têm a mesma função iniciática do batismo:
retirar a pessoa do mundo geral e incluí-lo no grupo que servem à Terceira
Entidade, no caso, a profissão em questão. Este fenômeno – a
iniciação, a graduação, o batismo, ritos de passagem em tribos indígenas,
enfim, o início de uma fase em que o ego se dilui em um grupo, parece ser
muito importante para compreender o comportamento humano e refletir sobre
objetivo de vida e felicidade. Pelo menos nas culturas antigas. Voltaremos
regularmente a este tema. VídeoRH 3E. Sobre a Terceira Entidade. https://youtu.be/pnhXbf5HFCg. VídeoRH 3E criminalidade. Sobre a natureza da criminalidade. https://youtu.be/bAxQTcHMQ50. Página
inicial do grupo de estudos. |
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