IB09.14 |
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Emburrecidos sentem raiva, não
pena, dos errados |
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A pessoa emburrecida sente raiva de pessoas que se enganaram ou que,
acreditam, estão erradas ou são más. Alguém teria dito: se você tem certeza de uma informação, você não
sente raiva se alguém a contradiz, mas pena. Se alguém disser que vinte e um com seis somam vinte e nove, que o
Canadá faz fronteira com o Brasil, que Cristóvão Colombo passou pelo Uruguai
antes de aportar nas Américas ou que a Terra é plana, você não se irritará.
Provavelmente vai sentir pena e deve ter tendência em corrigir. Nós
normalmente não sentimos raiva quando alguém erra o português ou quando uma
criança chama a lua de bola. Raiva você sente: ·
Quando
alguém te contradiz, especialmente se você não tem argumentos para se
defender. ·
Quando
você está numa disputa de saberes e faz questão de estar certo. ·
Quando
alguém prejudica um de seus valores ou amores (como comentado no texto sobre a raiva). ·
De
coisas e pessoas que prejudicam o Bem, o Certo (no seu entender), a si ou a
sua comunidade (no mesmo texto). Como da Burrice e das pessoas emburrecidas. ·
De
pessoas e grupos que você aprendeu a odiar. Ou seja. Se você sente raiva quando alguém erra, não é do erro em si,
mas pelo fato de um de seus valores ou amores ter sido ou estar na iminência
de ser agredido ou porque você aprendeu a odiar aquela pessoa ou as pessoas
daquele grupo (polarizou). Se fosse uma criança ou uma pessoa amada a cometer o mesmo erro,
provavelmente você não ficaria tão alterado. Vamos aos exemplos (nos grupos de estudo). Entenda a raiva que
temos da burrice e dos burros A raiva, assim como o amor, sempre foram ferramentas de controle
social. A cultura de cada povo sempre marcou objetos, grupos e comportamentos
que devem ser amados e outros que devem ser odiados. A Cultura atual, tão
eficaz e eficiente, interiorizou o ódio. Se antes tínhamos raiva de outros
povos, hoje em dia ela está localizada dentro do nosso, como convém ao
sistema. Nossa sabedoria pessoal já associa o bem, o certo, a verdade, a razão,
a intuição, o discernimento e demais virtudes a nós mesmos. Todas as culturas
e religiões antigas, os partidos políticos e algumas religiões atuais criam
narrativas que nos fazem associar o Bem, o Certo, a Verdade, a Razão e até as
Ciências ao nosso grupo, deixando ao outro toda a sorte de maldades, enganos
e desvirtudes. Se há um grupo que você odeia, tenha certeza, você defende uma
narrativa inocente. Reflexão Em todos os partidos políticos e em todas as religiões encontraremos
pessoas buscando o bem e o certo, empenhadas em amar, perdoar ou dedicar suas
vidas à família ou a alguma boa causa. E assim farão, conforme suas crenças.
Nos mesmos grupos também encontraremos pessoas egoístas, emburrecidas,
canalhas e até criminosas. Se estiverem no nosso grupo, relevamos. Se as
identificamos no outro, generalizamos as desvirtudes a todos do grupo
adversário, logo, todas eliciam nosso ódio e raiva. Tenha certeza: nem a compreensão, nem mesmo a tolerância com os grupos
supostamente adversários são do interesse dos líderes. Também temos certeza
de que não podemos tolerar o Mal, o Egoísmo, a Criminalidade, a Corrupção e
outras desvirtudes. Polarizando, dividem a população e mantém o poder
colonizador: povo unido não deixaria ocorrer tantas explorações no seu
território. Entenda o problema: não dividimos os membros de uma sociedade em legais
e criminosos, bons e maus, empáticos e egoístas, éticos e corruptos.
Dividimos conforme o partido político, a religião, o time de futebol, o sexo,
a alimentação vegana ou outro padrão e associamos, a um dos grupos (o nosso),
as coisas boas, e, ao outro, as desvirtudes, enganos e maldades. Reflexão. Se você tem certeza de uma informação,
comportamento ou crença e alguém a contradiz, você não sente raiva dessa
pessoa, mas pena. Podemos combater inimigos e encarcerar criminosos, mas não
precisamos sentir raiva, basta-nos a Ética, a Justiça, o Bom-senso ou algum
justo pensamento. Mesmo para combater a pedofilia, o canibalismo, o racismo,
o latrocínio, o estrupo, a corrupção e outros crimes hediondos, se você
compreender o caso, o ódio não é necessário para que você tome as atitudes
corretas. Se você for o juiz ou o algoz em algum caso assim, seu ódio ou
raiva não vai ajudar você a ser justo e aplicar a devida pena, basta ser
justo e equilibrado. Reflexão. Uma pessoa emburrecida considera tudo que contesta seus saberes como crimes ou erros éticos e morais, logo, sente raiva da pessoa que defende o pensamento contestador, nunca pena. Por não conseguir discernir os justos dos criminosos, justifica sua falta de respeito com todas as pessoas dissidentes. Como interessa ao colonizador. Completar com as avaliações aqui comentadas. |
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