Sobre o amor e o amar

Antigamente as mulheres eram infelizes porque

lhes faltavam o amor-próprio

 


 

Narrativa:

·       Antigamente as pessoas amavam mais aos outros que a si mesmo e, por isto, eram infelizes.

·       Ou: antigamente as mulheres não eram felizes porque lhes faltavam o amor-próprio.

Há duas falácias utilizadas para nos convencer que, para alcançarmos a felicidade, devemos nos amar em primeiro lugar: 1- para ser feliz, necessariamente precisamos do amor-próprio e 2- antigamente as mulheres amavam seus maridos mais que a si mesmas e, por isto, eram tristes e oprimidas.

Sou dos antigos, conversava muito com meus avós e certamente discordo. Há erros crassos nessas crenças.

·       Para ser feliz, necessariamente precisamos do amor-próprio. Já desmascaramos esta narrativa aqui.

·       Antigamente as mulheres amavam seus maridos mais que a si mesmas e, por isto, eram tristes e oprimidas. Reflexões a seguir.

O amor dos antigos não era aplicado diretamente no cônjuge, como era praxe até a segunda Grande Guerra.

Confira o conceito de terceira entidade – 3E.

Não há só o eu e os outros para amar. Os membros de povos antigos nem sempre valorizavam exatamente o cônjuge, mas a família da qual participavam ativamente dedicando sua vida, seu amor, seu tempo e seus recursos. Como as mães que se aplicam aos seus filhos, como militantes que se dedicam à sua causa, como torcedores que participam ativamente das atividades de seus clubes, como as senhoras que dão plantão nas igrejas, como os membros que valorizavam seus reis ou líderes espirituais. Isto não traz opressão e infelicidade, pelo contrário, facilita a sensação de utilidade e sucesso. Sabe quando um time de futebol ganha o campeonato nacional? Há felicidade aí, independente das condições sociais dos torcedores!

Militantes que gastam o que têm e se sacrificam pela causa que defendem, por exemplo, não estão amando nem a si, nem a alguém, mas à terceira entidade. Isto pode dar a sensação de autorrealização, de felicidade, de paz, mesmo que nem haja amor-próprio.

O amor não é polarizado e nem auto excludente

Outra falha na máxima em questão é a crença que, se amamos definitivamente os outros, não nos amamos, não temos amor-próprio e consequentemente somos infelizes. Ledo engano, certamente uma falácia.

Amor também se desloca, troca de dosagem, flui às vezes em poucos segundos. Podemos nos dedicar mais aos nossos cônjuges numa fase da vida, mais ao trabalho em outra, mais em nós mesmos por alguns períodos, filhos, certa viagem, a cuidar dos próprios pais, não faltam opções. E em todas elas, podemos estar felizes ou não, a felicidade, como já comentei várias vezes, não depende da dosagem de amor-próprio.

Amor e autorrealização à antiga

No que diz respeito aos nossos antepassados até a metade do século XX, eu comentaria: antigamente os desejos, os sonhos, as ambições eram bem mais fáceis de se alcançar porque eram mais simples, logo, os antigos bem mais facilmente encontravam a felicidade e a autorrealização. Se o nosso desejo fosse apenas casar e ter filhos, muito mais facilmente nos realizaríamos. Hoje as pessoas desejam tudo. TUDO mesmo. Acreditam que merecem tudo de bom. Sonhos irrealizáveis certamente afetam negativamente a sensação de felicidade, haja amor-próprio ou não.

Sabemos que há interesse em que o povo seja egoísta e narcísico. A crença em epígrafe fortalece essa direção. Não consigo encontrar outro interesse nessa falsa crença que o do Sistema. E ainda facilita o emburrecimento e o adoecimento psicológico.

A afirmação inicial, como todas as crenças de autovalorização, segue a máxima goebbeliana: mentiras faladas reiteradamente se tornam verdades e até são defendidas fervorosamente pela população. Ou você ainda acredita que o egocentrismo é necessário para a felicidade?

Por fim

Cabe ressaltar que não há problema algum caso alguns de nós precisemos de amor-próprio para nos sentirmos feliz. Afinal, esta crença vem sendo divulgada há décadas e nossas crenças, estas sim, têm capacidade de promover ou evitar a felicidade. O problema é que, da forma como a questão tem sido levada, o egoísmo e a divisão social vêm sendo facilitada pela máxima, como é do interesse do colonizador.

 

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