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Solidão ou liberdade?

 


 

“Você chega em casa, faz um café, senta na sua poltrona preferida e não tem ninguém.

Você decide se isso é solidão ou liberdade.”   

Máxima retirada da internet.

E alguns postam em resposta: liberdade!

 

Reflexão 01. Solidão x liberdade

Não existe antagonismo entre solidão e liberdade. São conceitos diferentes, não antitéticos. Pode até ocorrer alguma interação, mas uma não depende da outra, tampouco se excluem mutuamente.

A asserção é certamente falácia pela falha lógica. A sensação de liberdade não depende da de solidão. Sabemos que as principais características das falácias são que agradam, atendem a desejos, nos enganam e nos levam a erros. Exatamente o caso.

Há solidão no caso descrito?

Se você está sozinho, então é solidão. No caso a pessoa está sozinha em casa. O fato de escolher se sentir livre não elimina a condição de solidão. Que bem faz ou, melhor, qual o interesse que a pessoa se aliene da solidão? Por que a solidão deveria perturbar a sensação de liberdade a ponto de a negarmos?

Há liberdade no caso descrito?

A sensação de liberdade é parcialmente subjetiva, depende da posição da pessoa em relação à situação, assim como do conceito que se tem de liberdade.

Liberdade também encabeça reflexões sobre compromissos assumidos e impostos. É questão necessária a todos que buscam autoconhecimento, bem-estar e realizações.

Pessoas costumam assumir compromissos. O fato de estar sozinho não faz da pessoa uma pessoa livre de seus compromissos, logo, ela nunca está livre, mesmo sozinha.

Sugiro reflexões sobre a relação liberdade x compromissos. Para identificar possíveis restrições à liberdade que compromissos podem impor. Tenho certeza de que o mais importante não será contrapor liberdade e compromissos, mas o equilíbrio entre os compromissos assumidos, os impostos e a sensação de liberdade, tudo em relação ao bem-estar da pessoa.

Agora, colocar a solidão como condição para a liberdade, isto é alienante!

Se considerarmos a liberdade de ir e vir, uma das mais relevantes, o fato de estar sozinho não amplia nem reduz essa liberdade. Pessoas encarceradas estão sozinhas e sem liberdade em suas celas. Pessoas acompanhadas são livres para fazerem quase tudo que fariam caso estivessem sozinhas. Há muitas atividades agradáveis que só podemos praticar em grupo, como jogos.

O fato de estar sozinho em pouco afeta a liberdade, estar sozinho não elimina nossos compromissos e responsabilidades.

Evacuar, urinar, ficar pelado, estar apenas com roupas íntimas, tomar banho, praticar sexo são comportamentos socialmente delimitados à solidão ou a companhias íntimas. Executá-las em público promovem a sensação de liberdade ou a de agressão social? O que está em jogo?

No máximo a solidão dificulta as provas de nossas irresponsabilidades, somos mais livres para cometer erros que não cometeríamos na presença de outros. Isto é o conceito de liberdade? Qual é?

 

Reflexão 02. Nebuloso. A quem interessa a confusão?

A quem interessa que a população veja liberdade na solidão? Que se sinta livre quando estiver sozinho? Que busque solidão acreditando que assim se alcança liberdade, quiçá felicidade, como vinculado na máxima em epígrafe?

Ou seja, a sensação de liberdade pode ocorrer ou não, estando sozinho ou não, e dependerá dos compromissos, da postura, das prioridades, das crenças e até das regras sociais. São reflexões altamente necessárias aos pensadores e aos que buscam bem-estar. A quem interessa que estas questões não sejam levantadas, mas que apenas concluamos que existe liberdade a partir da solidão? Que interesse temos nessa falácia e confusão, se não o afastamento da liberdade, do bem-estar e do próprio indivíduo?

Precisamos que as pessoas encarem a solidão como uma condição natural, por vezes necessárias em algumas fases de suas vidas, e saibam se colocar perante ela. E o mesmo em relação ao fato de ter companhia. Uma máxima que trata a solidão e liberdade dessa maneira só cria confusão. A sós podemos ter compromissos, responsabilidades e prisões. O mesmo se em companhia. Os estados de solidão e acompanhado não são eternos, certamente vivenciamos ambos. Podemos ter preferência por um deles assim como devemos ter sabedoria para lidar com ambos. Uma máxima que nos faz desejar a solidão porque assim somos livres? É criar condições para sofrimento e angústia.

Ora, isolando as pessoas estão conseguindo a exploração dos países. Quanto mais dividido o povo e sozinhas as pessoas, menos movimentos de defesa cultural, das reservas, do povo em si. Bom, talvez assim se explique a máxima.

 

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