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Sobre a importância dos conceitos


Quanto mais entendemos os sentidos das palavras que utilizamos, mais autoconhecimento e compreensão temos. Se compreendermos também o sentido que outras pessoas dão às mesmas palavras, ainda melhor.

O que compreendemos por inteligência, burrice, amor, amar, poder, riqueza, pobreza, cultura, depressão e educação influenciam soberbamente nossas emoções e comportamentos. De todos nós.

Mas, infelizmente, só costumamos ter uma certa noção intuitiva delas.

Conceito intuitivo

Todos nós temos certa noção intuitiva das palavras e expressões que conhecemos. Como se soubéssemos exatamente do que se trata quando falamos de amor, inteligência, democracia, falácia e poder. E a aplicamos a todas as situações e pessoas.

Ora, cada uma dessa palavra tem vários sentidos, costuma significar coisas bem diferentes e que dependem de nossa maturidade, da experiência e até da situação. Mas a grande maioria de nós tem apenas um conceito único, que considera o verdadeiro e correto, apesar de não conseguir verbalizá-lo e explicá-lo com clareza. No máximo, com um ou dois chavões.

Esta restrição facilita a polarização e a falta de harmonia social, como é do interesse do Grande Irmão. Como pensamos bem diferente um dos outros, a discórdia é naturalizada, e a dialética, ignorada. Isto é muito importante para o Sistema: que a massa popular tenha seu conhecimento geral restrito a saberes intuitivos, limitado por chavões e que se negue a rever os conceitos que lhe foram ensinados.

Desanuviar esses saberes é assunto central nesta página (Narrativas Nebulosas) e nos nossos grupos de estudos (Inteligência e Maturação).

Importância dos conceitos claros e verbalizados

Quando questionamos, pesquisamos, estudamos e refletimos sobre algo, mais esse algo se torna conhecido. Com os conceitos não é diferente, reflexões ajudam a conhecer e dominar emoções e saberes. Mas nossa cultura, não à toa, não tem o hábito de desenvolver o vocabulário e a comunicação.

Fizeram-nos acreditar que:

1- Basta-nos comunicar nossos desejos, direitos e intenções, que a comunicação é perfeita e seremos atendidos.

2- Somos inteligentes o suficiente para sempre interpretar e compreender perfeitamente o discurso das outras pessoas, mesmo que elas discordem.

3- Estamos sempre certos, os outros que, se discordarem, é que estão incorretos.

Ora, com a limitação do vocabulário e da comunicação, a linguagem e algumas das inteligências não se desenvolverão além do elementar, afetando a própria comunicação, a oratória, a retórica, a hermenêutica, a compreensão e a empatia. Amar e amor, poder e riqueza, personalidade e ego, por exemplo, podem significar emoções, coisas e atitudes bem diferentes. Democracia e liberdade, idem.

Esta resistência em aprender mais sobre os possíveis sentidos para cada palavra ou apenas rever o que já conhecemos para o verbalizar claramente tem uso certo na polarização social e é do interesse do Sistema. Porque é mais fácil dominar e explorar povos divididos, por isto as campanhas de redução, depreciação e polarização da língua, assim como as de autovalorização e depreciação de seus conterrâneos. Se tivermos apenas um conceito básico, não verbalizável, intuitivo mesmo, daquelas coisas, e ao mesmo tempo só consideramos os nossos conhecimentos, bem mais fácil de nos manipularem.

É notório que na nossa sociedade faltam interesses e curiosidade com a linguagem. Não é à toa que falam tanto de analfabetos funcionais, burrice e controle social.

Por isto, nossos grupos de estudos começam pela conceituação de algumas palavras e pela especulação de interesses e usos.

 

Módulo Conceitos iniciais.